segunda-feira, julho 02, 2007

Troca de palavras

Há muito que esperava que voltasses a falar comigo… Não uma conversa normal, porque isso insistes em fazer sempre que tenho a infelicidade de te encontrar, mas esperava pela pergunta que fazes sempre ás minhas amigas e que não tens coragem de me fazer olhos nos olhos… Afinal, falar nas costas, por telemóvel ou pelo msn é sempre muito mais fácil, principalmente quando a consciência nunca esteve tranquila. No domingo, falaste. Fizeste a pergunta. Respondi-te com toda a frieza do mundo e sem qualquer tipo de piedade. Fui dura, fria, insensível, ríspida… Mas limitei-me a pagar-te na mesma moeda! Disse algumas (muito poucas) das coisas que tinha para te dizer e que há um ano me atravessam a garganta. Fiz questão de te fazer sentir mal… Muito mal. Fiz-te perceber em que estado me deixaste, sem teres sequer olhado para trás. Não quero que te sintas culpado, mas admito que me deu muito gozo sentir que ficaste incomodado com tudo o «ouviste». Ao contrário de ti, que nunca me chegaste a conhecer, conheço-te bem e consegui ver cada expressão que ias fazendo à medida que lias cada palavra, cada linha, cada frase… Disse-te que eras uma página virada na minha vida e que fiz questão de apagar cada segundo que vivemos juntos! A mágoa continua cá. Não posso negar. Aliás, acho que jamais vou deixar de me sentir magoada cada vez que olho para trás e recordo esses meses e os sonhos que me «roubaste»… Tive pena de não te dizer muito mais, mas foi melhor assim… Não mereces. Porque quando «caí» não estiveste lá me ajudar a levantar… Tu que jamais querias deixar de ser meu amigo! O que fizeste foi pôr os dois pés em cima…e isso não se esquece de um dia para o outro….

P.S. O «falecido». Foi ele que falou comigo. E constatei que está, de facto, com a consciência muito pesada...

1 comentário:

Ana disse...

Existem conversas que nós sempre esperamos poderem acontecer um dia. Existem palavras que ficam engasgadas e têm de sair.
Existem assuntos que parecem só ficar arrumados depois de "gritados" ao ouvido de alguém.
Existem mágoas que não passam nunca.
Existem páginas que só se viram depois de alguém as ler.
Existem coisas que temos mesmo de fazer e essa é uma delas: deixar que saibam exactamente a dor que nos causaram e esperar que isso lhes pese, nem que seja só um pouco, na consciência.

Sentimento de vingança? Não... uma sensação de alívio.

Beijinhos